segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Caramba

Não se pode viver de uma forma plenamente digna da nossa vontade…
Porquê? Porque iria sempre haver um alguém *, a criticar e resignar e respindirnorf qualquer coisa como, porque ele trabalha muito e não têm tempo para a família, porque trabalha e viaja muito, ora porque se eu fosse extremamente rico e eles olhariam de lado e invejariam a minha riqueza porque era extremamente podre da rico e vestiam-me de uma forma extremamente extravagante e talvez não merece a mesma a riqueza, porque se fosse pobre e não tivesse muito dinheiro não saia muito de casa e seriamos uns cortes na vida social e não faria esforço nenhum, ou até porque vivia na rua e cheirava mal porque eu continuaria a achar um nojo de entrar no wc público, lá porque era pobre e cheirava mal acharia na mesma esses wc’s uns nojos, e depois, porque se não fizesse nada e vivesse na casa dos pais á pendura das papinhas e roupa lavada da mama até aos 35anos, era um menino, e mais exemplos poderia desencantar aqui e como podem comprovar não há maneira de dar a volta a esta m3rda… sem saber o que devemos decidir para onde devemos encaminhar a nossa vontade de estar e ser, e se existe realmente algo a seguir, que sempre somos sempre julgados pelos uns… (a legenda para o * ali em cima no 1º parágrafo) * estúpidos quaisquer, e como volto aqui a escrever, os mesmos crescem, alimentam-se e reproduzem cada vez mais…

Porquê deste texto?
Ora (mais um “ora”) porque se estão a ler esta coisa (blogue), muito provavelmente não pertence á classe em cima mencionada, e vão perceber o porquê sem fazer essa pergunta, por isso escusavam de ler esta ultima parte, boa?

Aquele abraço e daí vai-se-me o Régio á mente, Zé tu dá-le;
Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

(a melhor parte)

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!

José Régio

p.s. estarei eu dar demasiada importância a este laia, perguntam vocês de novo, claro que sim á que separar o trigo do joio, e bem separadinho…

1 comentário:

Eu disse...

Gosto muito de comentar este teus textos não comentados.
Mas engraçado porque essa é uma frase que gosto muito. Sei o que não quero...e o que quero?!?!
Qual o objectivo de todas as nossas decisões e escolhas que temos de fazer!? não seria mais fácil se nos dissessem o que ia fazer ou ser, sei lá um tópico à nascença. Mas claro só nos entregariam esse documento quando chegassemos aos 20... nada de entregar aos Pais, vai-se lá saber o que fariam com tal papel (perder seria uma situação muito provável!! lol)... adiante!
Beijos