A minha terra a DAMAIA

Neste coisinho e de modos que um grande espaço eu li que Ana C. não tinha terra.
Mas como comentei e escrevi, eu;

Eu tenho terra, EU sou da Damaia (Amadora), nasci sim na grande cidade a Lisboa, mas sou da Damaia esta é a minha terra, sou Damaiense.

Só para que se saiba é terra que ocupa 141 hectares de espaço em Portugal pertence aos lugares da Amadora, e conforme o wikipédia foi densamente povoada em tempos pré-históricos, a Damaia era uma pequena aldeia que se desenvolvia em torno da passagem de nível da Linha de Sintra e subia até à quinta do Palácio dos Condes da Lousã. Neste palácio do século XVIII terá residido o inventor Padre Himalaya, que dava o nome á minha rua, a Avenida Padre Himalaia, é a terra do Rui Costa, aqui mora ou morava o actor principal (atenção principal) da personagem Duarte da grande série o Duarte & Compª, Na Damaia também podemos encontrar exemplos de património histórico-cultural, como o Aqueduto Geral das Águas Livres e o Palácio dos Condes da Lousã como já referido, e uma quantidade de informação que vos poderia passar, mas não passo, porque não era bem o tipo de coisa que eu queria de modos que comentar.

Assim sendo, ali nesta terra, que digo que é minha, é porque ali tenho as minhas memórias de petiz e daquela idade parva a de adolescente, bem todas ou parte delas, pois não consigo contar aquelas em que estava inconsciente nas festas, mas mesmo assim sou menino para lembrar-me de cheiros estes, por exemplo do cheirinho suave da madeira da serração queimada de vez em quando por motivos de regularização de dívidas e seguros, do lixo não vazado, do óleo derramado das oficinas nas traseiras em mudanças dos mesmos em carros como Fiat’s 127 e Datsuns 1200’s e das 4L ‘s e mais tardes dos Unos, das arvores que davam camarinhas para acertar nos olhos dos meninos azuis, em cima das mesmas imaginávamos grandes caravelas onde éramos marinheiros e senhores das Traseiras, nestes estados imaginativos levo com um balde, mesmo no meio da testa, só porque chegamos á ilha pretendida e estávamos a descarregar os mantimentos, do pife contínuo do lume das barracas do ciganos, da fruta e vegetais quase bons na mercearia do senhor Pinto, lembro-me também dos pequenos assaltos, das festas na casa do Hugo Tonhão da Trafaria, da figueira, de cabeçadas na boca só porque queriam o meu relógio e eu disse que não, e disseram-me; Olha que levas uma cabeçada, e eu disse; Então dá lá, e ele deu mesmo, dos acidentes, das zaragatas, das cuscas, das queixas só porque eu andava nos telhados na serração, da rampa onde trilhava os dedinhos a descer em tábuas de contraplacado, mais tarde de Skate, da curva da morte (pequena descida de 50 metros com direito se as coisas corressem mal cair no precipício de 100 metros para os ciganos) enfim isto é que fez que seja a minha terra, ali cresci, ali aconteceu tudo e mais alguma coisa e coisa nenhuma, eu tenho uma terra, ela é ali na Damaia.

Obrigado Ana C. por me recordares de velhas feridas e medos que possivelmente me levaram ao doutor da cabeça outra vez.

Aquela amizade simpática só para ficar bem, e mais nada, podem ir, obrigado e boa noite, vou ver da minha Chiquilim, porque pelo som da tosse, isto vai ser uma noite engraçada, vai, vai…